quinta-feira, 22 de novembro de 2012

A Adoção da Pena de Morte no Brasil

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Circulou  na página 02 do  Jornal  Diário da Manhã, Passo Fundo (RS), em 22.11.2012
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terça-feira, 20 de novembro de 2012

Gilberto Inácio Gonçalves: Amor Incondicional Pelos Discos de 78 RPM


Gilberto Inácio Gonçalves: Amor Incondicional Pelos Discos de 78 RPM
                                                                             * Por Hugo Kochenborger da Rosa

Fora do consultório, o Dr. Gilberto Inácio Gonçalves (54), revela outra faceta bem distante do universo bucal.. O Dentista é um dos mais entusiásticos colecionadores de antigos discos 78 RPM da capital paulista. Em um rápido (e animado) papo; conseguimos apurar maiores detalhes  a respeito dessa paixão de Gilberto.  Confira a seguir:

Hugo - Desde quando você tem se dedicado ao colecionismo fonográfico e porque exatamente optou por enfatizar principalmente em seu acervo os antigos 78 RPM?


GG - Comecei a comprar discos desde criança, mas eram bem poucos e sempre os fui guardando. Quando me formei, comecei a comprar mais lps e praticamente tudo o que saia e que era do meu gosto pessoal eu comprava. Assim fui tendo um bom acervo de música brasileira e de jazz. Os 78 vieram bem depois. Quando estava com uns 35 anos me lembrei de algumas músicas que escutava na casa de minha avó materna quando era criança., perguntei a minha mãe que músicas eram aquelas e ela me disse quais eram. Fui a alguns sebos pra ver se eu achava e não só achei os discos que eu procurava, como mais um monte e a preço de banana.....e não resisti a pechincha ( na época era, hoje não é mais) .Comprei um toca discos para tocar os 78 rpm e fui me apaixonando pelo que ia ouvindo. Fui comprando cada vez mais o que ia achando, até que resolvi dar uma organização melhor, entrei em contato com outros colecionadores e fui aprendendo mais coisas e muitas curiosidades sobre os discos e sobre as gravações.


Hugo - Você tem idéia de quantos discos possui atualmente na coleção?


GG  -Tenho mais ou menos uns 3000 lps. 78 rpm devo ter cerca de uns 13 a 14 mil. Todos organizados em estantes e por ordem alfabética.


Hugo -Relacione alguns dos títulos que merecem destaque em sua coleção, seja por serem considerados obras raras, seja por mera curiosidade ou mesmo por questão de gosto pessoal

GG -Gosto muito da minha coleção da Carmen Miranda que eu me dei de presente de aniversário quando fiz 40 anos ( Apareceu um senhor querendo vender 120 discos dela de uma vez....e eu comprei). Fiquei "duro" uns 6 meses,mas valeu a pena (risos..).. Gosto também dos discos da Aracy Cortes ( “Tem francesa no morro”) , da Aracy de Almeida ( “Fez bobagem”, “Camisa amarela”), Almirante (“Galo garnizé”, “Eu vou pra vila”, “Tudo em p”). Se fosse falar todos os que eu gosto.....ia encher um livro.



Gilberto e sua fantástica coleção de discos



Hugo- Você tem noção o quão determinantes são, colecões particulares como a sua para a preservação da trajetória da música universal?


GG- Sim, há um tempo atrás, fui a um conhecido centro cultural da cidade para doar minha coleção para a cidade. O tal centro deixava os discos todos jogados em um canto, sem o menor cuidado, não tinha arquivos do que tinha em acervo, não tinha toca-discos para tocar os discos...e muito menos, projeto para digitalizar o acervo para pesquisa. Desisti. Resolvi ficar com os discos e cuidar deles eu mesmo. Se alguém me pede alguma coisa, eu deixo consultar à vontade. Mesmo as gravadoras também não tem nada . Quando foram feitas as caixas da Carmen Miranda (na EMI Odeon e na Victor), eles pediram os discos emprestados aos colecionadores. Não tinham nenhum disco. Do Orlando Silva e do Francisco Alves foi a mesma coisa. Se não fossem os colecionadores particulares muita coisa já tinha se perdido. Só uma pessoa é digna de nota. O Sr. Leon Barg (fundador da gravadora Revivendo, já falecido); que lançou muita coisa do seu acervo particular e possibilitou a muita gente conhecer coisas fantásticas de nossa música .


Hugo -Como você vê técnicamente falando, as diversas fases de nossa indústria fonográfica, ou seja, a mecânica, 1902-1929, a elétrica, a partir de 1929 e ainda o advento do aparecimento dos primeiros Lps brasileiros (1952), a alta fidelidade (1957) e quase que simultâneamente o surgimento da estereofonia?

GG -É uma evolução natural na maneira de gravar o som, ainda que as nossas gravações sempre fossem mais deficientes em relação ao que se fazia no exterior. Você ouve um disco de 1902 americano e um nosso de 1910......O americano é infinitamente melhor do que o nosso. Talvez por sermos um pais pobre, com um mercado pequeno, as gravadoras faziam de qualquer jeito . É só você escutar um lp prensado no Brasil e o mesmo lp prensado fora daqui. Mesmo nossos cds tem o som mais deficiente do que os feitos fora. Não sei o porquê disso, mas sei que é o que ocorre.



O colecionador rodeado por seus Lps

Hugo -Quais os artistas de maior popularidade na então nascente indústria do disco?


GG -Bahiano e Eduardo das Neves reinaram na gravação mecânica.. Na elétrica sem dúvida nenhuma são: Francisco Alves, Orlando Silva, Silvio Caldas e Carlos Galhardo. As cantoras: Carmen Miranda, as irmãs Batista, depois Dalva de Oliveira e Ângela Maria.


Hugo -Além de discos da Casa Edison, você possui obras da Casa A Electrica de Porto Alegre?


GG -Não. Já vi vários discos do selo "Gaúcho", mas não possuo nenhum. Só tenho um do selo “Phoenix”, que também era editado por Savério Leonetti, dono da Fábrica de discos "Gaúcho". O “Boi Barroso” que eu tenho é da casa Edison com “José Greid e coro”; e não com o Moysés Mondadori (que é a gravação original pela discos Gaúcho)


Hugo- O que significou o advento da radiofonia para os artistas do disco?


GG -Uma maneira de serem conhecidos pelo grande público. Os discos eram de circulação restrita a quem tinha um toca-discos e eram caros. Mesmo os discos também o eram para a maioria da população na época. O rádio era a maneira para os artistas ficarem conhecidos do grande público em todo o Brasil.


Gilberto: Um guardião da cultura sonora brasileira


Hugo -...E a partir dos anos 30, mencione alguns artistas de seu apreço


GG -Gosto muito de alguns cantores que não são tão conhecidos. Tem a Jesy Barbosa, a Yolanda Ozório, a Elisa Coelho que não são tão famosas. Mas Carmen Miranda, a Aurora Miranda, Aracy de Almeida, Aracy Cortes são o máximo. Francisco Alves, Almirante gosto demais. Mas tem outros que não são tão famosos que eu gosto: Leonel Faria, Luis Barbosa, Gastão Formenti.


Hugo- Existe alguma estatística de quantos títulos foram fabricados no Brasil no período dos 78 RPM, em termos de artistas nacionais?


GG- Parece que foram mais ou menos uns 25 a 28 mil discos ( mais ou menos umas 50 mil músicas ) Não dá pra ter certeza porque as gravadoras aqui no Brasil não eram muito organizadas. Tem aquele registro da Funarte que lista todas as obras que foram lançados por aqui em 78rpm.


Hugo - E os Lps, o que você falaria deles?


GG -Prefiro muito mais o som dos lps do que o som dos cds. Tenho grande quantidade de lps também, e sempre os estou escutando. Considero o som dos lps muito mais quente do que os do CD. Acho o som dos CDs "metálicos". Pode até ser uma impressão particular minha, ou do meu ouvido; mas é o que eu acho.


Hugo -Além de amante dos discos, você também tem se dedicado a pesquisa de antigos programas da Era de Ouro do Rádio. Quais desses programas você destacaria como preponderantes na história do rádio brasileiro?


GG- Gosto muito do PRK30 do Lauro Borges e Castro Barbosa. Só ouvi falar dos programas do Almirante, mas nunca tive a oportunidade de escutar nenhum deles. Adoraria ouvi-los um dia. Li alguns livros do Almirante e o acho o máximo. E também gostaria de poder algum dia escutar algum programa do Ary Barroso. Quem sabe o IMS tenha algum deles e coloque para consulta como eles fazem com os discos do acervo deles...